26.12.18

sobre ser só, e só ser.



Eu te desafio a passar uma manhã e boa parte da sua tarde se dedicando inteiramente a se tornar você mesma.
É assustador, eu sei. O mundo lá fora é perigoso e muitas vezes devastador, mas sabemos muito bem que não existe nada mais conturbado e assustador do que se voltar para sí. Nos conhecer e viver só. Isso se trata de um convivo diário e solitário entre você e você mesma!
Buscamos um trabalho, faculdade, exercícios físicos, terapeutas, bares com os amigos, faxina aos finais de semana, séries, livros, parques e animais de estimação. Assim ficamos cheios de afazeres e "zero" horas para o tédio. Estamos em um constante amor e ódio com o "não fazer nada", isso tudo para escapar de ficar 10 minutos ou até mesmo horas parado em um dialogo com sua mente, seus medos e males.  O medo de ficar sozinho com nossas "nóias" tem nos movido, e assim estamos a cada dia com nossas vidas mais corridas.

Concluímos que nossa sociedade nunca esteve com tantas questões internas a serem auto-discutidas. Questões estas que só temos enterrado com rolês e vinhos baratos.
Então, hoje, se convide para um chá ou um café, se permita  ou se force a ter uma "DR" com você mesma. Entenda todas suas dores e prazeres, esclarece todas as vezes que se magoou ou se colocou como segundo plano.  Peça desculpas a você mesma, e logo depois, aceite-as.




As coisas vão rápido demais, eu sei. É exatamente por isso que deve dedicar um tempo a você. E com esse tempo construa as paredes, mobilhe e decore seu próprio pronto socorro. Por que é você, por você mesma.

Att,
Carô.

11.11.18

Ser ou não ser


 Ser ou não ser, eis a resposta.

Em uma sociedade que nos obriga a seguir padrões sociais, psicológicos, estéticos , capitalistas e até mesmo afetivos. Ser resistência é exaustivo.

Vivemos em relacionamentos como parasitas em uma arvore, onde sugamos-as até não poder mais. E depois lá do topo, ás vemos desmoronar desgastadas e desnutridas afetivamente.
Entramos em dietas loucas com intuito de alcançar um corpo perfeito, o que só nos leva a frustrações e transtornos psicológicos. Transtornos esses que são tratados pelos outros como drama e por nós como uma fase que logo passa, e passou. Passou por cima como um trator, e lá ficou você, estirado ao chão sem saber como se levantar, e as vozes ecoam " você precisa ser forte", " precisa parar de drama", " não é pra tanto", "uns remédios devem melhorar" e " é só uma fase que logo passa".
Tudo é fruto dessa sociedade que consome pessoas e ama coisas, julgam uns aos outros pelo que tem e não por quem são. Todos em fila pra receber seu certificado de pessoa perfeita, aquela que trabalha 40horas semanais pra e comer seu churrasco e bebe sua cerveja no domingo.

Eu decido não ser!
Não ser um padrão de beleza, um padrão psicológico e nem mesmo consumir pessoas.  Seguir assim desalinhada e dando ao mundo tudo de volta como ele me dá, não me preocupo em dar muito amor ou ódio,  chorar de felicidade e as vezes rir de tristeza. Tudo bem você ser depressivo e surtar, falar umas merdas as vezes ou sempre. O que importa mesmo é você ser 100% você. Obviamente você não vai conseguir ser tudo aquilo que gostaria, só não se permita ser quem não gostaria.
Acho que mais vale encarar tudo isso de peito aberto do que ser um robô, com medo de como as pessoas vão te encarar quando você nadar contra a maré do "ser socialmente aceito".

E de coração, não espero a aprovação de ninguém. Muito pelo contrário!
Espero o espanto e a desaprovação da sociedade, em meio a está população serei a revolução,  eu serei a escória.
Não serei o padrão de parasitas que elas esperam, em uma sociedade como a de hoje,
EU PREFIRO NÃO SER.


30.11.17

Em terra de "body positive"

Nasci gorda,cresci gorda em uma família de gordos.
Até os 18  anos nunca coloquei meu sobre peso como um impeditivo de ser ou querer algo, pra ser sincera nunca parei pra pensar nas besteiras de adolescente sobre "ser uma pessoa gorda".
E aos dezoito devido a  depressão e um emprego com colegas machistas me rendi a submissão e comecei a lutar contra tal característica, isso tudo ligada a pressão alta e pré diabetes. Tive que entrar em uma um reeducação alimentar e exercícios físicos que me levaram dos 100kgs para os 89kgs em 7 meses, o que é um ótimo resultado. Mas comecei a trabalhar um emprego que me esgotou demais psicologicamente e também junto com fase de pré -vestibular "larguei mão" e fui para a casa dos 3 dígitos novamente.
E aos 20 anos decidi entrar em um projeto de gastroplastia, a famosa bariátrica. Os principais motivos e comorbidades foram IMC 40 (obesidade mórbida), gordura no figado, problemas hormonais e dores nas pernas. Embora meus exames de triglicerídeos, colesterol, pressão e glicose (diabetes)  estivessem ótimos, ainda existiam outras comorbidades. Contrario do que muitas blogueiras de moda plus size alegam serem parâmetros de uma vida saudável.
Não estou aqui pra levantar a bandeira do processo cirúrgico e dos riscos, nem mesmo dizer que as pessoas não tem direito de se amar como são.
Ao contrário, gostaria apenas de lhes questionar sobre: " o que é se aceitar pra você?".




Consentir ou se contentar com o seu corpo está muito longe de se aceitar e se amar de verdade.
Com essa onda de "body positive" a quantidade de pessoas complexadas se enganando só aumenta, bem como a quantidade de pessoas usando a causa para fugir das doenças recorrentes a obesidade. Não tenho nada haver com a saúde alheia, seja a física ou mental. Mas deixo aqui o meu pedido, se questione sobre o que realmente te faz bem e o que te faz feliz. Pois se amar está mais ligado a mudar o que for preciso para realmente se reconhecer em seu corpo e se amar verdadeiramente.

Hoje, eu com 6 dias de operada sinto um novo começo de uma vida bem mais longa e saudável, e acredito que se aceitar está além de se contentar e muito mais ligado a se propor a correr riscos e mudanças para se amar como realmente deseja ser. Seja sincero contigo mesmo, e vai ver que quando você sorrir verdadeiramente para o seu corpo ele vai sorrir de volta para você.

OBS:. TEXTO  ESCRITO EM 30/11/2017 E PUBLICADO EM 11/11/2018.

Att,
Carô.